Um vídeo publicado na internet causou indignação e tem atraído a atenção de líderes religiosos – entre eles: o Pr. Galdino Jr. O episódio em questão diz respeito à conduta opressiva de alguns agentes do estado a templos religiosos que se mantiveram abertos em meio à quarentena decorrente da pandemia do COVID-19.
O fato ocorreu dias antes do decreto recém-editado pelo presidente da república, Jair Bolsonaro, que passou a incluir o trabalho religioso como parte na lista de atividades e serviços considerados essenciais durante o período de quarentena.
“Eu me compadeço com este líder religioso, pois o que fizeram é um absurdo. A igreja, tanto a evangélica quanto a católica, se encontrar com alguém em desespero tem que estar aberta para receber este filho aflito. Fechar a igreja é anticonstitucional. Por isso quero levantar minha voz, pois se eles não respeitarem a lei, logo, logo tentarão fazer o mesmo contra nossas igrejas e isso nós não podemos aceitar”, afirmou o Galdino Junior.
O vídeo ao qual o pastor se refere foi gravado pela câmera de um celular e expôs cenas ocorridas em frente a uma igreja católica localizada na região do Jabaquara, em São Paulo. Mesmo respeitando a recomendação feita pelas autoridades à época, sobre evitar reuniões e aglomerações, fiscais da subprefeitura estiveram no local para fechar o templo religioso.
Papo Reto
Coincidentemente, o episódio em questão acontece justamente em meio aos debates acerca dos desafios a serem superados na relação entre Igreja e Estado, tema este, inclusive, amplamente discutido na entrevista concedida pelo pastor Galdino Jr. ao programa Papo Reto, transmitido pela Rede Brasil de Televisão e apresentado pelo Senador e líder do PSL, Major Olímpio. clique e veja a entrevista na íntegra
Atendendo à solicitação do MMADSA, o senador Major Olímpio gentilmente concedeu a nossa equipe uma pequena entrevista, na qual respondeu perguntas pertinentes ao turbulento momento pelo qual vivenciam muitas igrejas e apresentou sua visão acerca do futuro desta relação. Acompanhe a seguir!
Major, para o senhor, qual o papel que uma igreja deve exercer dentro da sociedade?
Major Olímpio: Olha, tem um papel fundamental a igreja e não só pelo processo de evangelização. Como eu sempre digo: o Brasil – pela constituição – é um país laico, então tem liberdade de culto. Mas ser laico não significa ser um estado ateu. Então eu vejo o papel da igreja como um dos grandes solucionadores da sociedade. No momento em que você preserva a família, prega a fé, traz valores de respeito ao próximo, de respeito à sociedade, logicamente você vai fazendo com que as pessoas dessa comunidade tenham condições de melhor convivência neste meio social. A igreja faz este papel a um custo zero para o estado, o que mostra que ela não é concorrente do estado brasileiro.
Onde o senhor entende que está direcionado o foco das igrejas?
M.O: A igreja participa muito dentro de processos de assistência social, de apoio às comunidades, programas de toda a ordem – seja para criança por meio de creches, para os idosos através dos asilos, por programas de recuperação de dependentes químicos, ou para a reinserção de ex-condenados no contexto da sociedade. Muitas vezes o Estado ou não tem esta capacidade, ou não tem essa vontade política. E são coisas absolutamente necessárias. Eu nunca vi ninguém sair de qualquer pregação religiosa – de qualquer denominação – com ímpetos mais violentos, com desrespeito à sociedade. É justamente o contrário: o indivíduo vai para um processo de evangelização, sim, mas também vai para um processo de aprender a conviver respeitando os valores e limites do outro. E a igreja tem esse papel fundamental, daí o apoiamento da gente permanece.
Como o senhor analisa o cenário presente e futuro no que diz respeito à relação entre Igreja e Estado?
M.O: A tendência é melhorar. Já houve momentos de grande preconceito do estado em relação às igrejas no Brasil. Ainda existem alguns bloqueios. Na história do Brasil nós tivemos sempre a igreja muito próxima ou até concorrente ao estado por meio da figura da igreja católica. Depois isso fez com que ao longo de nossa história parecesse inicialmente que o reconhecimento do estado brasileiro se fundisse somente com o da igreja católica apostólica romana. Ao longo do tempo isso tem diminuído. Novas denominações religiosas foram surgindo, as pentecostais, as neo-pentecostais, resultando em uma sociedade composta por 82% de brasileiros cristãos – católicos e evangélicos. Cada vez vai ficando mais claro: a igreja como instituição não quer competir com o estado. Tem um viés completamente diferente. Aliás é uma via auxiliar muito forte do estado e assim deve ser. Com o passar do tempo eu acredito muito que nós vamos ter o relacionamento cada vez mais saudável.
Sendo um homem de vida pública, como o senhor entende o atual posicionamento dos seus colegas de senado com relação à igreja e seus projetos?
M.O: Eu respeito demais o trabalho desenvolvido por elas. A gente sabe que o estado brasileiro jamais conseguiria assumir funções ou papéis que são desempenhados pelas igrejas – não estou nem considerando o aspecto da evangelização, mas da assistência social, da educação, da recuperação de pessoas, do apoio aos mais necessitados! Hoje se você buscar no orçamento público, você não tem como o estado atender milhões de brasileiros que são assistidos pelas atividades das igrejas.
Como cristão, qual caminho o senhor aponta para que a locomotiva do nosso país volte para os trilhos?
M.O: Primeiro é: trabalhar muito. Continuar enfrentando a corrupção. Tentar estancar essa hemorragia de desvio de dinheiro público e estimular investimentos no nosso país. Agindo assim surge o trabalho, vem emprego e vai acontecer uma melhoria substancial para todos. Ninguém no Brasil quer nada de graça. O que as pessoas querem, na verdade, é ter uma oportunidade.
clique para ver a entrevista do pastor na íntegra
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